Sensação VII

São enormes essas asas, sobrevoam as pessoas, as casas e tudo o mais, mas têm especial interesse pelas coisas vivas e de preferência que sejam pensantes. De entre as brumas do pensamento surgem ideias turvas, baças, esbatidas à espera de serem reveladas num suporte qualquer ou então que os contornos comecem a aparecer no espaço imaginário das formas. Somos nós também imagens e nada mais, turvas, baças, à espera de sermos revelados numa sociedade de gentes não imagem simples imagem. A verdade reside nas conversas não ditas, nas palavras omitidas na ânsia de agradar os amigos enquanto a imagem vai-se tornando mais turva protelando a sua revelação na mente de cada observador distraído. A mão é estendida fora do berço quando deveria acarinhar desde o berço e transmitir apartir dali os valores sacros de uma sociedade que no fundo sonha com algo maior mas tem medo de trair as suas emoções mais íntimas junto do irmão não consanguíneo/consanguíneo, mostrar por gestos e acções que essas asas enormes servem para abrigar no momento certo àqueles que delas necessitem.
publicado por terraterra às 14:47 | link do post | comentar | ver comentários (2)