Domingo, 23.01.11

O Ovo do Futuro

Há um grito sufocado na garganta do Homem da rua! há uma expressão encoberta no olhar, mas sobretudo há a intenção não realizada de coisas sonhadas nas noites de insónia. Se para pular do alto da montanha há que se ter asas...ao menos asas da imaginação para se chegar ao ponto de experimentar essa sensação do vazio ao redor e ter metas, um lugar onde aterrar. A leveza da alma versus o chumbo do corpo que teimosamente reage positivamente à gravidade...à força. A gravidade dos assuntos que no dia a dia nos assolam e que inexoravelmente nos levam aos extremos do pensamento fatalista de um déjà vu ou será déjà vécu? As imagens flutuam no ar...no espaço circundante... e as respostas são várias...diversas... onde cada um escolhe a/as que lhe convém. A mim me convém uma resposta colectiva positiva, onde as soluções são apontadas e abre-se o espaço para a participação de todos. Continua essa sensação do grito preso na garganta da Mulher em casa/fora...mientras tanto continuo insistindo em quebrar o silêncio no Ovo do Futuro.
publicado por terraterra às 18:02 | link do post | comentar
Sábado, 08.01.11

Sensação VIII

Me acordei com a sensação estranha de ter dormido mais de um século. Sentia-me descansado...leve. Havia um cheiro perfumado no meu quarto, algo parecido com o cheiro a barro molhado e essência de pinho. Porque será que me ocorreu a palavra barro? Será por o barro estar ligado à Criação segundo Génesis e simbolicamente estar ligado à afirmação da matéria?
Normalmente ao me levantar dou-me logo de cara à janela que fica voltada para a  Nascente (não conseguimos fugir à força destas palavras: NASCENTE, nascer, ser o outro dentro do eu...nascemos e vemos nascer todos os dias). Do lado oposto à janela situa-se o guarda-roupa. Há um hábito que sempre tive ao me levantar da cama: Após o culto ao Sol Nascente, um ritual que dura alguns minutos, minutos esses nos quais me comunico com as Vibrações do Universo e recebo as Energias que vagam pelo Espaço em busca de receptores. Vou logo em direcção ao espelho para ver a minha projecção nessa superfície plana e reflectora (o espelho foi inspirado nas superfícies de águas planas cristalinas e talvez tenha como função principal alimentar o nosso ego da mesma forma que a água alimenta a nossa sede) . Não sei porque faço isso. Talvez para me certificar de que tudo está no seu lugar, ou quem sabe...no meu inconsciente há esse medo de envelhecer e fico enfrente ao espelho perscrutando as novas rugas e os fios de cabelo branco que eventualmente tenham nascido (no meu consciente não me importo com estas coisas, pois são meros detalhes) ou então seja memória genética de comportamentos/hábitos  num passado longínquo do homem chamado primitivo. Esse ritual repete-se todos os dias logo de manhã. Mas hoje não sei porquê...parece ser um dia diferente. Sinto-me mais leve... Miro o espelho e nenhuma imagem do outro lado aparece. Nenhuma reflexão. Dou voltas à frente do espelho, faço caretas, piruetas...e...nada!   Nessas piruetas me desequilibro e o meu corpo se projecta em direcção a essa superfície lisa e reflectora do vidro metalizado. Tento desesperadamente me equilibrar, segurar em algo, mas o meu corpo teimosamente se projecta em direcção ao cristal e aí pensei que não mais  poderia evitar a catástrofe: o espelho ia-se partir e a minha seiva derramar-se-ia criando formas diversas no solo onde  antes os meus pés nus pisaram…me parecia inevitável, não haveria prodígio de física instintiva que me pudesse restabelecer o equilíbrio e então, deixei o meu corpo ser levado por esse repentino movimento descoordenado de membros tentando segurar desesperadamente em algo existente no ar e, quando cheguei a escassos mícrons do alvo, disse de mim para mim: adeus espelho!!! Tal o meu espanto quando constatei estupefacto que afinal o meu corpo atravessou o espelho. Não conseguia entender aquela negação da matéria. Por incrível que pareça, quando cheguei do outro lado consegui ver a minha imagem projectada em toda a sua dimensão. Esbocei um sorriso e ele correspondeu…me atirei um beijo e em troca recebi outro…pus-me a dançar e a minha projecção comigo dançava, ESTAVAMOS SINCRONIZADOS! Nem precisava me preocupar pois do outro lado havia correspondência, sincronia!
publicado por terraterra às 19:50 | link do post | comentar

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